Nem todo RX alterado é uma pneumonia!
- Patricia Fernandes
- 15 de set. de 2022
- 1 min de leitura
E pela 478a. vez esse ano a criança está apresentando tosse, coriza e febre. Uma vaga no pediatra é uma missão praticamente impossível, então procurar o Pronto Socorro é a única alternativa.
Chegando lá, a criança é examinada e um RX de tórax é solicitado. Ao retornar, o médico explica que o RX não está “normal”, sendo necessário a utilização de (mais um) antibiótico. E de bônus, você pode ouvir aquelas palavrinhas mágicas: é um começo de pneumonia.
A primeira coisa que precisamos ter em mente é que INFECÇÕES VIRAIS ALTERAM O RX DE TÓRAX. E é por isso que nem sempre um RX alterado é sinônimo de uso de antibióticos.
Nas infecções virais as alterações predominantes são o padrão intersticial, a linfadenomegalia hilar e para-hilar, hiperinsuflação e espessamento de paredes brônquicas.
Pausa dramática para enfatizar o último item: espessamento de paredes brônquicas.
Essa é uma alteração MUITO comum em infecções virais, mas absolutamente inespecífica, ou seja, pode ser encontrada em várias outras doenças sendo inclusive muito frequente em crianças com asma/sibilância recorrente.
Também é importante enfatizar que o diagnóstico de pneumonias bacterianas (as que tem realmente indicação de usar antibiótico) deve ser feito com base na avaliação de vários critérios: as alterações no exame físico, a evolução dos sintomas, a presença de doenças de base e não apenas em alterações inespecíficas no RX de tórax.
Exames solicitados sem indicação adequada (e isso inclui a categoria “a pedido dos pais”) podem levar a diagnósticos inadequados e prescrição exagerada de antibióticos, comprometendo a saúde e o equilíbrio imunológico das crianças.
E só pra terminar: princípio de pneumonia não existe!

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