Probióticos nas doenças respiratórias
- Patricia Fernandes
- 24 de dez. de 2022
- 3 min de leitura
O trato gastrointestinal humano abriga uma complexa população de microorganismos, como bactérias, vírus e fungos que tem como uma das funções controlar a proliferação de agentes causadores de doenças, interagindo constantemente com o sistema imunológico do hospedeiro. A esse conjunto de microorganismos damos o nome de MICROBIOTA INTESTINAL. Ela é composta de mais de 1.000 espécies diferentes, porém predominam as bactérias chamadas de probióticos, que são representadas pelas Bifidobactérias e Lactobacilos. Evidências científicas atuais demonstram que a DISBIOSE intestinal (desequilíbrio nos microorganismos intestinais) podem estar associados a ocorrência de doenças gastrointestinais, distúrbios metabólicos, cânceres, além de infecções do trato respiratório. Um dado importante a ser lembrado é que um dos principais fatores associados à disbiose intestinal em crianças é o uso indiscriminado de antibióticos. Estudos demonstram que apenas 25% das prescrições anuais de antibióticos para o tratamento de infecções do trato respiratório nos Estados Unidos são apropriadas e mais de 70% das infecções virais sejam tratadas com antibióticos nos países em desenvolvimento. Diante da importância da microbiota intestinal para o funcionamento adequado do sistema imunológico, vários estudos demonstram que a terapia simbiótica (uso de suplementos para equilibrar a microbiota intestinal) pode ser uma estratégia nutricional potencial para enfrentar a questão das infecções respiratórias de repetição e uso indevido de antibióticos. - Probióticos: são microorganismos vivos que, quando administrados em doses adequadas, contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal que possuem as habilidades de imunomodulação, melhora da barreira epitelial intestinal e inibição de patógenos. - Prebióticos: são compostos presentes em alimentos que fornecem nutrição para o crescimento dos probióticos, auxiliando na prevenção da disbiose intestinal. - Simbióticos: são uma combinação de pró e prebióticos. Os prebióticos, ao estimularem a proliferação e ação dos probióticos, possibilitam a vitalidade das bactérias probióticas ao atingir o meio gástrico. Os possíveis mecanismos de ação pro e prebióticos incluem a regulação das respostas imunes sistêmicas pelo aumento do número total de linfócitos T CD4 + e CD8 + (células de defesa essenciais no combate às infecções virais), além da diminuição da produção de substâncias inflamatórias (TNF alfa, IL-1b e IL-8). Algumas evidências demonstraram que os probióticos podem melhorar a contagem e a atividade de leucócitos, neutrófilos e células natural killer. Também foi demonstrado que os probióticos podem modificar e inativar receptores de toxinas patogênicas produzidas pelas bactérias. Através desses mecanismos, o uso de probióticos está associado a uma redução no número de infecções de vias aéreas em crianças (resfriados, otites, sinusites), além menor duração dos episódios e menor taxa de prescrição de antibióticos. E seu filho, já faz uso de algum pré/pró/simbiótico? Williams, Lily M et al. “The Effects of Prebiotics, Synbiotics, and Short-Chain Fatty Acids on Respiratory Tract Infections and Immune Function: A Systematic Review and Meta-Analysis.” Advances in nutrition (Bethesda, Md.) vol. 13,1 (2022): 167-192. doi:10.1093/advances/nmab114 Rashidi, Kamil et al. “Effect of infant formula supplemented with prebiotics and probiotics on incidence of respiratory tract infections: A systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials.” Complementary therapies in medicine vol. 63 (2021): 102795. doi:10.1016/j.ctim.2021.102795 Carty K Y Chan, Jun Tao, Olivia S Chan, Hua-Bin Li, Herbert Pang, Preventing Respiratory Tract Infections by Synbiotic Interventions: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials, Advances in Nutrition, Volume 11, Issue 4, July 2020, Pages 979–988, https://doi.org/10.1093/advances/nmaa003

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